segunda-feira, 13 de abril de 2009

“Bambu” - Uma alternativa para a substituição da madeira tradicional


Na minha ida a universidade estadual de campinas (Unicamp), conheci a pesquisa sobre o Bambu. Nele há a possibilidade de uso na fabricação de móveis, pisos, ornamentos e construção de casas.
Quem esta a frente das pesquisas é o professor Vicente Guillermo Noriega Moreno, nascido em Quito, vive no Brasil desde o começo dos anos 60. Hoje, aos 73 anos, o pesquisador vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp se dedica a difundir um conceito de moradia muito comum nos países orientais e andinos, mas completamente ignorado no Brasil. A seu ver, a arquitetura brasileira carrega o ônus histórico da colonização européia, e adota metodologias apropriadas a países frios. Se recorresse ao bambu abundante, fala, o País gastaria pouco e garantiria casa para a população inteira. "O custo de uma obra cai pela metade”, diz.
Há centenas de espécies de bambu. Mas uma delas — a guadua, nativa dos Andes, é a mais apropriada para a construção. Na Colômbia e no próprio Equador, diz, ela é usada como matéria-prima de casas, pontes, passarelas e galpões. Além de imóveis confortáveis, termicamente protegidos, o bambu serve para recuperar terrenos degradados. O guadua trançado tem a capacidade de conter taludes. As raízes poderosas são eficientes no reflorestamento ciliar e na recuperação de áreas erodidas.
No Brasil, a maior concentração do guadua está no Acre. A proximidade com o solo vulcânico dos Andes faz com 38% do território do Estado esteja coberto com a espécie. Apesar da fartura, no entanto, o bambu é desprezado. Por aqui, o uso da planta se limita basicamente à fabricação de instrumentos musicais e cestaria. "É mais que tempo de nossos governantes e pesquisadores voltarem a atenção às tribos indígenas, que há séculos exploram a potencialidade do guadua" , fala.
Em Campinas, a espécie é cultivada pelo Instituto Agronômico (IAC). Ali mesmo, ao lado do Quarentenário da Fazenda Santa Elisa, o professor comanda a construção de um quiosque com o bambu guadua, coberto de sapé. Será um ponto de encontro de estudantes que visitarem o IAC. Um dos construtores especializados na arte do bambu, Leandro da Costa Pereira, aprendeu os macetes com Noriega. Ontem, ele usava o material para montar a hélice do cata-vento imenso, na frente do departamento.
Mas o guadua também vai ser atração do Parque Linear do Ribeirão das Pedras, projetado para existir ao redor do Shopping Parque D. Pedro, no Jardim Santa Genebra. No local, será erguida a sede do Instituto Latino-Americano de Artes e Ofícios Ambientais (ILAOA), fundado pelo próprio Noriega em 2003, e que reúne arquitetos e ambientalistas. O projeto, no papel, espera dinheiro para ser executado. Apesar do reconhecimento internacional, no entanto, o professor admite que a alternativa enfrenta oposição no Brasil. Os governantes e a própria indústria, explica, são resistentes à difusão da metodologia simples, barata e renovável de construção.
Para conseguir patrocínio e viajar ao Equador, ele já agendou encontros com secretários municipais de Cooperação Internacional e Meio Ambiente.


Dados sobre o Professor Vicente, coletados no Jornal Correio Popular (12/04/2009)

7 comentários:

Anônimo disse...

Sabe,há anos uma amiga minha e colega na escola onde damos aulas,
foi ao Brasil e trouxe-me um "abre
cartas" em madeira.
Lembro-me de ouvir contar q.há certas madeiras protegidas aí.
Ainda bem.
A alternativa do Bambu parece excelente.
Beijo.
isa.

Don Oleari disse...

Mas, pergunto a você:

a mega indústria da construção civil vai permitir o uso alternativo proposto pelo professor?

É madeira boa, durável, se permite mil aproveitamentos, com ótimos recursos inclusive decorativos, para tornar as moradias, embora simples, muito agradáveis.
Beleza! Abraço do Oleari.

ATEFAR disse...

Oi, Don Oleori
De imediato é impossível!
São poucos, os profissionais da construção civil que decidem usar alternativas sustentáveis, porém, as condições atuais favorecem a busca de novas tecnologias verde.
Somos um país que copia muito o primeiro mundo, e lá já se opta, por exemplo, por piso laminado extraído do Bambu.
O ambientalista tem que ser otimista. No entanto, acredito que logo, logo, estaremos "obrigados" a optarmos por alternativas que menos degrade o meio ambiente. Isso quer dizer... Que teremos legislação ambiental para o cidadão comum. E digo mais... Se nós não começarmos (individualmente) fazer escolhas conscientes, estaremos contribuindo para o fim do nosso planeta.

Obrigada pelo comentário.
Abraço,
Nice.

ATEFAR disse...

Oi, Isa.
Há muitas madeiras de leis protegidas aqui, o problema esta na obediência do povo. O desmatamento a cada ano cresce alarmantemente, mas nos últimos meses a legislação tem acirrado o fecho e contido (um pouco) os tais infratores. Atualmente, o ministro de meio ambiente tem trabalhado para aumentar a fiscalização, onde não há moleza para os são pegos. Mesmo porque, no mês de fevereiro veio ao Brasil, o Príncipe Charles. Sua visita foi exatamente propor a ajudar com a preservação da Amazônia, o que nos coloca em uma posição de responsáveis a cultivar ainda mais, já que existem outros lideres investindo na consolidação da mata amazônica.
Beijos,
Nice.

D'Rimba disse...

Wow so wonderful

Anônimo disse...

Hoje é um dia importante para todos.DIA MUNDIAL DA TERRA.
Só um??
Enfim,seja como fôr lembrei-me de si,pelo seu trabalho e empenhamento.
Beijo.
isa.

(A estrangeira) Cristina Alcântara disse...

Que interessante! Torço para que a idéia se difunda e que outros grupos, ambientalistas, cientistas, políticos se unam ao projeto. Bom saber.